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Foto do escritorJanaína Cintas

Capsulite adesiva: dicas para um tratamento eficiente

Uma simples inflamação tem o potencial de deixar seu paciente quase sem mover seu ombro, isso é o que acontece quando estamos diante de um caso de capsulite adesiva. Essa inflamação pode acontecer por vários motivos, mas precisamos sempre lembrar que essa é uma patologia autoimune. Sendo assim, teremos diversas complicações relacionadas. Além disso, pode surgir sem um gatilho inflamatório.


Em geral, condições autoimunes como a capsulite adesiva raramente têm um mecanismo de formação claro. Falando de uma doença autoimune como a capsulite adesiva, raramente conseguimos descobrir seu mecanismo de formação correto. Considere também que a patologia é altamente limitante, ou seja, dificulta o trabalho do profissional do movimento significativamente. Podemos dividi-la em 3 fases que são bastante distintas. Descreverei cada uma delas abaixo, então continue lendo.


Primeira fase da capsulite adesiva: inflamatória

É o momento que desencadeia a inflamação na cápsula, portanto, a chamamos de fase inflamatória. Durante esse período a dor pode começar de forma suave, mas em poucos dias torna-se aguda. Detalhe: o paciente sentirá dor em qualquer amplitude dos movimentos do ombro. Assim, a patologia fica diferente de outros problemas como:

  • Tendinites;

  • Síndromes do impacto;

  • Outras patologias do ombro.

Nas patologias que citei acima a dor costuma aparecer nos movimentos acima de 90º. Essa primeira fase pode durar entre 8 e 10 meses. Apesar da articulação está muito dolorosa nos movimentos, a mobilidade continua preservada.


Segunda fase da capsulite adesiva: rigidez

Depois que essa fase de dor passa encontraremos a fase da rigidez ou congelamento. Ela é caracterizada pela perda progressiva dos movimentos do ombro. Ao mesmo tempo, a intensidade da dor diminui. A fase pode durar entre 12 e 18 meses. É um momento de difícil trabalho, já que o ombro encontra-se bastante limitado e o paciente muitas vezes não entende a ausência de dor. Precisamos de paciência e cuidado, trabalhando o corpo por inteiro para evitar outras compensações corporais relacionadas à doença autoimune.


Terceira fase da capsulite adesiva: descongelamento

Finalmente, chegamos na fase final, a do descongelamento. Sua duração não é bem especificada. Durante a fase do descongelamento, a amplitude dos movimentos melhora progressivamente até resolver o problema. No entanto, boa parte dos pacientes apresenta sequelas no final do processo. É comum encontrarmos perda de 15 a 20% da amplitude dos movimentos.


Diagnóstico

Preste muita atenção, essa doença possui três fases bem diferentes, cada uma com sintomas próprios. Portanto, o tratamento também será distinto. Por isso o diagnóstico preciso e precoce é tão importante para descartar outras patologias ligadas a processos inflamatórios. Só uma boa investigação clínica e perspicácia profissional conseguem fazer esse diagnóstico. Também precisaremos do apoio de exames de imagem como:

  • Radiografia (RX);

  • Ultrassonografia (USG);

  • Ressonância Nuclear Magnética (RNM).

Mas nenhum desses exames é decisivo para demonstrar alterações capsulares. Sua função é ajudar a descartar outras patologias que geram rigidez no ombro e inflamação.


Tratamento

Geralmente, tratamos a capsulite adesiva de maneira conservadora. Como falei anteriormente, teremos um tratamento diferente para cada fase da patologia. Lembrando que a capsulite adesiva é uma patologia autoimune e autolimitada. Assim, o tratamento conservador está baseado no alívio do desconforto que cada uma das fases traz. Ou seja, não focaremos na cura da patologia, deixaremos que siga seu curso até a resolução do problema. Isso pode levar até 24 meses.

Em geral, o tratamento acontece da seguinte maneira:

  • Inflamatória: alivio da dor

  • Rigidez: ganho de mobilidade, ou evitar, o máximo possível, a perda de mobilidade, que haverá.

  • Descongelamento: nessa fase trabalharemos em cima das limitações que restam, ganho de forca e na devolução da funcionalidade.

Precisamos tratar cada fase da doença de acordo com os objetivos que citei acima. Uma revisão sistêmica de Jain e Sharma mostrou que o tratamento da capsulite adesiva ainda é desafiador para nós, profissionais do movimento. Mas os autores revisaram as melhores evidências para intervenções fisioterápicas.

A revisão chegou a diversas conclusões. Percebeu-se que exercícios terapêuticos feitos através de mobilização ajudam a:

  • Aliviar a dor;

  • Melhorar a amplitude de movimento em pacientes no 2º ou 3º estágio da capsulite adesiva.

Outras conclusões mostram que:

A terapia a laser de baixo nível pode ser aliada para o alívio da dor.

Ela também ajuda para a melhora da função, mas não e capaz de melhorar a amplitude de movimento.

  • Acupuntura associada aos exercícios terapêuticos é moderadamente recomendada para alívio da dor, melhorando a amplitude de movimento e função.

  • Eletroterapia pode ajudar a proporcionar alívio da dor a curto prazo.

  • Movimento passivo contínuo é recomendado para alívio da dor a curto prazo, mas não para melhorar a amplitude de movimento, tão pouco, a função.

  • Calor profundo pode ser usado para aliviar a dor e melhorar a amplitude de movimento se associado a exercícios passivos na fase 1 da patologia.

  • Movimento passivo contínuo é recomendado para alívio da dor a curto prazo, mas não e capaz de melhorar a amplitude de movimento ou a função.

  • Ultra-som para alívio da dor não é recomendado.

  • Eletroterapia pode ajudar a proporcionar alívio da dor a curto prazo.

  • Movimento passivo contínuo é recomendado para alívio da dor a curto prazo, mas não para melhorar a amplitude de movimento ou a função.


Conclusão

Muitos profissionais do movimento ficam desestabilizados quando encontram perda de funcionalidade do ombro no paciente. Mas esse é um erro muito grave no tratamento da capsulite adesiva. Precisamos manter o foco em cada fase para conseguir tratar a capsulite apropriadamente. Lembrando que sempre devemos respeitar o curso natural da patologia.

Durante a fase da rigidez, por exemplo, de nada adianta forçar o alongamento ao máximo. Afinal de contas, só trará desconforto para o nosso aluno que pode, inclusive, desenvolver outras lesões. A perda da amplitude de movimento acontecerá de qualquer maneira, não conseguimos evitá-la. Exagerar nos desconfortáveis alongamentos na fase inflamatória não evita a perda da funcionalidade. O objetivo nessa fase sempre é o de melhorar a dor, sendo eficaz:

  • Liberações miofasciais;

  • Acupuntura;

  • Crioterapia;

  • Exercícios de mobilização;

  • Eletroterapia;

  • Outros.

Outro ponto importante que vale a pena lembrar é o papel do próprio paciente no tratamento. Portanto, devemos ajudá-lo a entender e participar do curso natural da doença, que é inevitável. A paciência é o melhor tratamento para a capsulite adesiva. Saiba que tanto o paciente quanto o profissional precisarão dessa característica tão importante.

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