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Como Podemos Melhorar os Problemas da Marcha em Idosos com Pilates

Por que devemos nos preocupar com a marcha nas pessoas idosas?

A marcha é uma função essencial para a independência e qualidade de vida do idoso. Quando comprometida, está diretamente associada ao aumento do risco de quedas, lesões, fraturas e até isolamento social.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente um terço das pessoas com mais de 65 anos cai ao menos uma vez por ano, e esse número sobe para 50% entre os maiores de 80 anos. Dessas quedas, 5% a 10% resultam em fraturas graves, sendo a fratura de quadril uma das mais preocupantes, por sua associação com alta morbidade e mortalidade.


Osteoporose e marcha: uma combinação perigosa


A osteoporose, condição comum nessa faixa etária, fragiliza os ossos, tornando-os mais suscetíveis a fraturas mesmo em pequenas quedas. Em alguns casos, a fratura da cabeça do fêmur pode ocorrer antes da queda, por falência da estrutura óssea durante o apoio unipodal — típica da fase de balanço da marcha.

Além disso, micro fraturas vertebrais podem ocorrer com impacto mínimo em vértebras já osteopênicas. Exercícios inadequados, como abdominais tipo “crunch”, podem acentuar o risco de colapso vertebral nessa população.


Quedas e o ciclo da cinesiofobia

O idoso que sofre uma queda frequentemente desenvolve cinesiofobia — o medo de se mover. Esse medo leva à imobilidade, que gerará sarcopenia já propícia da idade, por consequência, perda de equilíbrio e enfraquecimento e novas quedas. 

Esse ciclo vicioso afeta a autoestima, a autonomia e a segurança postural, sendo essencial romper esse padrão com estratégias de reabilitação centradas na funcionalidade e confiança do movimento.


Avaliação biomecânica: o primeiro passo

A avaliação da marcha deve considerar:

  • Comprimento e ritmo dos passos

  • Mobilidade articular de tornozelos, joelhos e quadris

  • Estabilidade da pelve e tronco

  • Apoio plantar e uso de calçados

  • Integridade neurológica (propriocepção, reflexos, coordenação)

A partir daí, o plano terapêutico deve ser construído respeitando a individualidade biomecânica e emocional do paciente.


Pilates Clínico como ferramenta de intervenção

O Pilates aplicado à reabilitação geriátrica é uma excelente estratégia para melhorar:

  • Controle motor e estabilidade central (Power House)

  • Equilíbrio postural dinâmico

  • Força excêntrica de membros inferiores

  • Consciência corporal e fluidez do movimento

  • Respiração funcional e ritmo respiratório, muitas vezes alterado no idoso

Com ênfase em movimentos controlados, seguros e com feedback tátil e verbal, o método favorece a reorganização sensório-motora e contribui para a prevenção de quedas recorrentes.


Intervenções complementares


Outras abordagens complementares também podem ser associadas com bons resultados:

  • Treino de marcha com obstáculos e superfícies instáveis

  • Exercícios proprioceptivos em bases reduzidas

  • Integração sensorial (visão, audição, tato)

  • Estímulo cognitivo (dual task training)

  • Hipopressivos para reequilíbrio postural e da pressão intra-abdominal


Conclusão

A marcha é uma função que reflete a integridade do corpo como um todo — biomecânica, neurológica e emocionalmente. Cuidar dela, em pessoas idosas, é investir em autonomia, segurança e dignidade.

Cabe ao fisioterapeuta atuar de forma preventiva e personalizada, utilizando recursos atualizados e eficazes como o Pilates Clínico e a educação em saúde.



Referências Bibliográficas

  1. Organização Mundial da Saúde (OMS). Falls: Key facts. WHO, 2023. Disponível em: https://www.who.int

  2. Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância de quedas de idosos – 2022. Boletim Epidemiológico. Brasília: MS; 2023.

  3. Cintas, J. Cadeias Musculares do Tronco – A Evolução Biomecânica das Principais Cadeias. São Paulo: Sarvier; 2015.

  4. Cintas, J. A Ciência do Pilates. São Paulo: Sarvier; 2017.

  5. Cintas, J. Livro de Avaliação Postural. Grupo Voll Pilates; 2018.

  6. Cintas, J. et al. “Efeitos da Ginástica Abdominal Hipopressiva no Pós-Parto Remoto em Puérperas Submetidas à Cesárea.” Revista de Terapia Manual, Posturologia e Reabilitação, 2023.

  7. Pickar, J.G. “Neurophysiological effects of spinal manipulation.” The Spine Journal, 2(5), 357–371, 2002.

  8. Lederman, E. “The myth of core stability.” Journal of Bodywork & Movement Therapies, 14(1), 84–98, 2010.

  9. Sherrington, C. et al. “Exercise for preventing falls in older people living in the community.” Cochrane Database of Systematic Reviews, 2019.


 
 
 

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